A ação é um intercalar entre a visita da arquiteta e professora Graça Correia Ragazzi e um jovem arquiteto às centrais hidroeléctricas, situadas em Trás-os-Montes, junto à fronteira Portugal-Espanha, e textos retirados do polémico “O Lodo e as Estrelas”, escrito por um padre (o padre Telmo Ferraz), sobre os trabalhadores, seres humanos frágeis, muitas vezes doentes, a viver longe das famílias, que ouviu com grande sensibilidade. Inclui ainda uma surpresa proporcionada a um dos arquitetos do empreendimento, João Archer de Carvalho, personalidade fundamental para explicar como se processaram os trabalhos e como se construiu obairro onde habitaram os trabalhadores, o pessoal especializado e o pessoal dirigente (os “sábios”, segundo se dizia).
Assim se consegue ter um retrato completo , com uma componente ao mesmo técnica e funcional, dedicada ao objetivo de eletrificação do país, a estética de vanguarda (sobretudo para a altura) e a dimensão humanista fundamental para se perceber o que era viver num Portugal pobre, feito de gente que tinha de lutar para viver com o mínimo de dignidade que muitas vezes lhe era negada.
O trabalho é assinado, tal com aconteceu com o documentário sobre o arquiteto Ruy d’Athouguia e o arqueólogo Cláudio Torres, por Ricardo Clara Couto e Nuno Costa Santos. A produção volta a ser da Clara Amarela Films.